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História

 

Na nossa sociedade coexistem três setores – o Setor Público, o Setor Privado e o Setor da Economia Social. As Misericórdias Portuguesas integram-se neste último e caracterizam-se por ser um movimento de solidariedade e amor pelos mais carenciados. Com uma história de mais de cinco séculos a praticar caridade, as Misericórdias constituem um marco na nossa cultura e civilização.

 

Também com o mesmo pensamento de bem-fazer, em 1875 nasceu a Misericórdia de Santo António de S. Pedro do Sul, ou melhor, aparecem nesta data os estatutos aprovados, havendo documentos da sua existência desde 1642.

 

A nível de património histórico, a Misericórdia de Santo António tem o seu ex-líbris concentrado na capela de Santo António sito na Praça da República, a qual terá data anterior a 1621, como se depreende da leitura do livro de Manuel Barros Mouro  intitulado “A Misericórdia de Santo António de São Pedro do Sul”, do qual se passa a transcrever. “O Pe. Miguel Gomes Barreiros, vigário da freguesia de S. Pedro do Sul, com data de 11 de agosto de 1732, deu para o Dicionário Geográfico de Portugal, que se encontra no arquivo Nacional da Torre do Tombo, a seguinte informação”: “tem esta vila na sua Praça a capela de Santo António, rica, muito forrada de talha dourada, e o retábulo da mesma sorte, aonde está a imagem do Santo cuja festa se celebra com 13 dias de novena que acaba no dia do dito santo em que há festas com grande concurso de gente; foi esta capela reformada na forma dita no ano de 1621. Nela há uma grande irmandade que se compõe de 14 freguesias, sendo os irmãos da mesma obrigados a ir acompanhar os irmãos defuntos.”

 

Hoje, a nível estrutural a Misericórdia de Santo António continua a ser dirigida pela sua mesa administrativa e composta de várias centenas de irmãos.

 

A nível social a Misericórdia tem vindo a desempenhar ao longo dos séculos de existência neste concelho um papel de auxílio e de ajuda à comunidade. O hospital da Nossa Senhora do Amparo foi a grande obra de assistência na doença. O Hospital com projeto da autoria do Eng. Francisco de Figueiredo e Silva, Viseu, datado de 31 de dezembro de 1891, tendo sido a obra concluída em 1900, ano da sua abertura ao público. Deste antigo hospital nada resta, no seu lugar nasceu um outro, o hospital concelhio que se manteve em funcionamento até 2013. Atualmente o edifício está a ser projetado para novas respostas/serviços.

 

Após o 25 de abril de 74, os Serviços Hospitalares foram nacionalizados, ficando a Misericórdia numa situação muito difícil – sem dinheiro, sem instalações administrativas, sem lavandaria e sem cozinha para sustentar os utentes do asilo. Restavam, então, duas opções – acabar ou procurar inverter a situação. Apelando a todas as nossas capacidades, com dinamismo e grande esforço, deliberou-se revitalizar a Misericórdia, passando a solução pela criação de novas valências e contactos institucionais para angariação de apoios. A Misericórdia deixou, deste modo, um pouco de parte a área da saúde e dedicou-se ao melhoramento das condições e aumento da capacidade de resposta para a área social. O antigo asilo deixou de dar resposta aos inúmeros pedidos por parte da população o que levou esta instituição a crescer ao longo das últimas décadas para fazer face às necessidades da comunidade.

 

Hoje a Misericórdia, enquanto instituição de referência, desenvolve a sua atividade em 7 valências tipificadas distintas: ERPI – Estrutura Residencial para Idosos (inaugurado em 1980 pelo ministro Dr. Morais Leitão e em 2018, após obras de remodelação pelo ministro Dr. António Vieira da Silva); ERPI para grandes dependentes (inaugurado na 1ª fase em 1987 pelo primeiro Ministro Professor Aníbal Cavaco Silva e, na segunda fase, em 1990 pelo Secretário de Estado da Segurança Social Dr. José Luís C. Vieira de Castro); Creche, Pré-Escolar e CATL – Centro de Atividades de Tempos Livres a funcionarem nas novas instalações desde 1994; SAD – Serviço de Apoio Domiciliário, que iniciou a sua atividade em 2004; e, por fim, a Casa das Amoreiras (Centro de Dia), em funcionamento desde outubro de 2017.

 

A Misericórdia é geminada com a de Santo António de Paris e a de Santo António de Jesus da Baía – Brasil e continuará a empenhar todos os esforços e experiências para honrar todos os que duma maneira ou de outra estiveram ou estão ligados à Misericórdia, sempre com uma particular atenção e um humano relacionamento.

 

É uma instituição que tem apostado no bem-estar dos seus utentes e é gerida por princípios de solidariedade social, tendo procurado continuamente melhorar as condições de trabalho e residência, principalmente com a aquisição de equipamento, remodelação da área do apoio domiciliário, lavandaria, serviços médicos e administrativos, nova unidade de ERPI, além de outros espaços que visam uma capacidade de resposta mais rápida e eficaz às necessidades levantadas pelos utentes e seus familiares.

 

É por eles e para eles que a Mesa Administrativa em funções e toda a equipa de colaboradores tem orientado todos os seus esforços.